100 Vespasiano – SEM Vespasiano

100 anos de falecimento de Vespasiano

Banner improvisado na praça Vespasiano Ramos no dia do centenário de morte do poeta.

Antônio Gonçalves Dias – Baia de Cumã, litoral maranhense.

Henrique Maximiano Coelho Neto – Rio de Janeiro.

Raimundo Teixeira Mendes (Positivista) – Rio de Janeiro.

Celso Antônio Silveira de Meneses – Rio de Janeiro.

Cesar Augusto Marques – São Luís.

Frederico José Correia – São Luís.

João Mendes de Almeida – São Paulo.

Raimundo Teixeira Mendes (Engenheiro) – São Luís.

Teófilo Odorico Dias de Mesquita – São Paulo.

Antônio Veras de Holanda – Floriano, Piauí.

Joaquim Vespasiano Ramos – Porto Velho, Rondônia.

De alguns dos nomes dos caxienses que dão os alicerces do panteão caxiense, nenhum descansa nas terras sagradas dos Timbiras e Gamelas. Alguns por residirem nas capitais onde exerciam atividades políticas ou profissionais. Outros por mero acaso do destino como Gonçalves Dias e Joaquim Vespasiano Ramos. No caso de nosso homenageado, houve uma real possibilidade de se fazer justiça e trazer os seus restos mortais de volta a seu leito mater.

Hoje dia 26 de dezembro de 2016, completa-se exatos 100 anos de falecimento do poeta Vespasiano Ramos, a qual os intelectuais, poetas e demais caxienses amantes das letras o tanto admiram. Traçamos, pois, a vida de nosso poeta na terra gonçalvina.

Em 1884 Caxias iniciava uma ebulição industrial e cultural. O operariado, a nova classe trabalhadora em Caxias, se dirigia ao bairro Ponte graças a visão dos grandes empreendedores da Companhia Prosperidade Caxiense. Responsável pela ligação daquela área ao centro da cidade com a construção da ponte de madeira e pela instalação das fábricas. A Sociedade Fênix Dramática Caxiense inseria nossa cidade no roteiro dos grandes espetáculos do país.

Foi nesse contexto que no mês de agosto deste ano, no Largo de São Benedito, em uma casinha de Morada Inteira de fachada simples sem revestimento, sem eira e beira, que nascia nosso poeta. Embora de família humilde, residia em área nobre, de frente ao templo religioso. Na infância ali brincou na terra batida debaixo das arvores. Presenciou festejos religiosos como o de São Benedito da janela de sua casa. Para o largo sempre se dirigia após os estudos, após conhecer o primeiro amor, após as bebedeiras. Aqui versou, aqui amou, aqui sonhou.

A cidade que Joaquim viveu na juventude era opulenta. Possuía a primeira estrada de ferro do Estado. Tinha um filho ilustre, Coelho Neto, naquele momento fundador da Academia Brasileira de Letras e que aqui esteve em 1899 visitando sua terra natal, onde fora recebido com as pompas merecidas. Vespasiano nessa ocasião estava prestes a fazer 15 anos de idade. É possível que também tivesse participado das festas ao nosso ‘Príncipe dos Prosadores Brasileiros’.

Ao completar a maioridade foi embora para São Luís e com saudades retornou. Por necessidade foi embora novamente mas dessa vez para bem longe. Foi com a certeza de que em breve voltaria para o seu largo de São Benedito. No dia 11 de janeiro de 1916, partira nosso poeta para São Luís e dali para o Norte do Brasil. Foi a última vez que Ramos estivera em Caxias.

Deixou saudades em nossa Caxias. Seus amigos e admiradores anos depois lhe dariam uma digna homenagem a altura que merecia. O largo em que nascera e que já tinha sido nomeado com o nome de um chefe político maranhense, foi renomeado. Em 23 de julho de 1931, pelo Decreto nº20 a praça passou oficialmente a se chamar Praça Vespasiano Ramos. Em 13 de agosto, dia em que o poeta completaria 47 anos se vivo fosse, o prefeito João Guilherme de Abreu inaugurava a praça toda reformada, em homenagem a este gênio da literatura.

Em 1949, pela Lei nº79 proclamada pelo prefeito Eugenio Barros, se instituía os símbolos de Caxias em sua bandeira. A Lira Dourada simbolizava quatro poetas caxienses, entre eles nosso Quincas.

Aproximava-se o ano de 1984, o ano de centenário de seu nascimento. Por iniciativa do Deputado Estadual João Afonso Barata é aprovada a Lei nº 4.225 de 1980, sancionada pelo Governador João Castelo (seu parente), que autorizava o Executivo a trazer os restos mortais do poeta de volta a Caxias. Muito tempo passou e nada fora feito.

Chegamos a 2016, o ano de centenário de seu falecimento. Era a hora de pôr em pratica o que a Lei determinara a mais de trinta anos. Era a hora de seu repouso eterno estar completo. A hora de corrigir o erro do destino que o deixou em terras desconhecidas. Era a hora de finalmente o caxiense acender a vela em seu túmulo.

A praça foi reformada. Os restos mortais não vieram. Sequer uma placa em seu nome fora assentada. Perdemos essa oportunidade.

No dia 26 de dezembro de 2016, se não fosse atitude de alguns admiradores do poeta que foram a praça lhe prestar homenagens, não haveria absolutamente nada em memória a essa data. Nada foi feito por quem se orgulha de propagar que somos a cidade dos poetas.

Se aqui as gerações de políticos não deram importância, o povo de Porto Velho o recebeu de braços abertos. Rondônia o adotou como seu filho. Seu túmulo, reformado e transformado em Patrimônio daquele povo. Porto Velho está de parabéns.

Se os seus restos mortais não vieram, se a estátua não foi inaugurada no ano de seu centenário, pois que esse ano de 2016 sirva como a data que se início o movimento de correção histórica. Conclamo aos caxienses, façamos a Comissão Pró-Monumento para lutar por esta obra. Abraçamos esse desafio de nós mesmos, o povo, tomar essa atitude em memória a nosso querido Joaquim Vespasiano Ramos, para que na festa de seu bi centenário a sociedade caxiense não tenha novamente que passar por algo semelhante: O CEM anos, SEM a homenagem ao poeta.

Texto: Eziquio Barros Neto

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