Centro de Cultura José Sarney: não é hora de mudar?

centrodecultura

Ao assumir o governo do Maranhão, Flavio Dino teve como um dos primeiros atos o Decreto que proíbe bens públicos do Estado de receberem nomes de pessoas vivas. O Decreto não é retroativo, ou seja, não irá mudar os estabelecimentos já nomeados. Em março deste ano a Secretaria de Educação do Estado identificou o nome de dez escolas que levaram nomes de ditadores que governaram o Brasil no período militar. Por votação das próprias escolas, os nomes foram alterados para os de poetas, professores e demais personalidades já falecidas. O próximo projeto seria mudar o nome do estádio João Castelo, o ‘Castelão’, para a de um famoso jogador maranhense.

No Maranhão, várias cidades receberam nomes de personalidades políticas ainda em vida. Governador Edson Lobão é um município criado em novembro de 1994, em homenagem ao ex-governador que saiu do cargo em abril do mesmo ano. Ribamar Fiquene, outro município criado em 1994, recebeu o nome do próprio governador até então, Ribamar Fiquene (02/04/1994-01/01/1995). E claro, tem o município Presidente Sarney, instalado em 1997 onde a governadora do Estado era sua filha, Roseana Sarney. Vários são as escolas, praças, ruas, repartições que levam nomes de membros da família Sarney. Fato que se tornou polêmico em 2002, o Tribunal de Contas do Estado – TCU/MA, chegou a ser nomeado com o nome da ex-governadora Roseana Sarney, sendo seu nome mudado somente em 2009.

Em Caxias o imponente prédio da antiga fábrica manufatora, construída no ano de 1889 por vultos notáveis da época como o industrial Francisco Dias Carneiro, leva o nome de José Sarney. Cravado na área central da cidade, o prédio de arquitetura neoclássica do fim do século XIX tem como destaque sua chaminé, sendo observada por quase toda a cidade.

Desde sua fundação até o fim das suas atividades têxteis, por volta da década de 1960, o prédio se chamava Fabrica Têxtil União Caxiense, da Companhia União Caxiense. Devido a crise no setor, a fábrica acabou fechando as portas e seu prédio abandonado. Nos anos seguintes, tamanho era o estado de abandono que chegou-se a cogitar o desmonte de sua estrutura metálica, vinda da Inglaterra, para ser usada em outra construção. Em 1977, o então prefeito José Castro reintegrou o prédio, que estava abandonado pela falência da firma, ao município.

Na segunda administração do prefeito Aluízio de Abreu Lobo (1978/1980), após reforma em 1980, foi entregue a população caxiense como ‘Centro de Cultura José Sarney’. Homenagem dada ao chefe político, Senador José Sarney, presidente da ARENA, o partido da Ditadura e padrinho político do prefeito Aluízio Lobo e do então governador do Estado, João Castelo. Era costume no período militar homenagear os cacifes que sustentavam o governo com nomes de prédios públicos, escolas, hospitais, etc…

Desde então o maior símbolo de nossa arquitetura, este espaço reservado a cultura de Caxias, leva o nome do chefe da oligarquia que comandou o Maranhão por mais de cinquenta anos, levando o estado a ter os piores índices sociais e econômicos.

Por que não homenagear os idealizadores do monumental edifico como Francisco Dias Carneiro, Manoel Correia Bayma do Lago ou Antônio Joaquim Guimarães? E os artistas caxienses? Centro Cultural Celso Antônio Silveira de Meneses seria uma ótima homenagem a esse grande escultor.

Já não é hora de mudar o nome do nosso símbolo?

Deixe um comentário